segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 Hora a Hora!

Não esqueçam…

Há 37 anos fez-se uma revolução em Portugal que mudou tão profundamente o país que hoje temos dificuldades em nos revermos naquele tempo de restrição das liberdades individuais, da prisão sem justa causa, da polícia política, da subordinação dos tribunais e dos juízes ao poder político, dos tribunais plenários, do partido único.
Seria este o momento para informar os mais jovens que não sabem e reavivar a memória dos mais velhos que já esqueceram que este Portugal de há 37 anos era um país triste e cinzento. País de fado, Fátima e futebol. Era um país onde se decretou a utilização de calçado para se ir à escola, ir à igreja, ir a uma repartição pública… Era um país onde o cidadão não estava autorizado a opinar sobre as questões do interesse colectivo… Era um país onde o funcionário público tinha que declarar fidelidade ao regime e onde o estatuto da mulher pouco diferia do das mulheres de alguns regimes islâmicos actuais.
Nesse Portugal as perspectivas juvenis a curto prazo seriam a guerra colonial ou a emigração para fugir à guerra e à fome; Os níveis de escolaridade eram os mais baixos da Europa, o analfabetismo dos adultos o mais alto; não havia um sistema nacional de saúde, nem rede de saneamento, de electricidade e a água não chegava a todo o país, nem mesmo a todas as zonas das grandes cidades; Não existia um sistema nacional de segurança social para protecção à infância, à 3ª idade, aos deficientes; Não havia liberdade sindical, justiça na concertação laboral. Em vez de um sistema de protecção à infância havia o trabalho infantil. A violência doméstica era um conceito desconhecido; a rede de transportes públicos era mínima e insuficiente...
Peço aos jovens que tentem rever-se nessa sociedade a partir deste pequeno apanhado de exemplos e contabilizem as conquistas que a geração do 25 de Abril lhes lega para preservarem, defenderem e continuarem. Pensem que a revolução se fez para devolver aos cidadãos a soberania e que esta implica responsabilidade pessoal, participação activa, espírito cívico porque a democracia nunca está construída, tal como uma casa que está sempre desarrumada e volta a ser arrumada com a participação de todos. Não descansem, lutem e preservem as conquistas de Abril. O futuro faz-se com determinação, honestidade e muito trabalho.

Isabel Lages, professora

0 comentários:

Enviar um comentário