segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 Hora a Hora!

Voltar a sentir Abril…


Era uma vez uma dúzia de homens, militares, sobretudo capitães, que tinham um sonho, acordar Portugal do sono profundo que há 48 anos o dominava. Sonhavam tirar este país do cinzento das suas vidas, trazer luz e cor a este pedaço de terra à beira-mar plantado. E sonhavam com um país desenvolvido, um país democrático, onde a justiça e a equidade social fossem máximas cumpridas por todos. E nesse dia, o país tirou o cinzento das suas caras e das suas roupas, o vermelho dos cravos dominou o horizonte, as caras sofridas e esfomeadas abriram-se em sorrisos rasgados, confiantes, crédulos. E uma nova era se iniciou, a era da liberdade, do desenvolvimento, da democracia, da descolonização…
Dentro de dias teremos novamente um 25 de Abril, uma data comemorada com um feriado nacional, mas um feriado que se vai esvaziando de sentido. E esta ausência de sentido não se deve só ao facto de não haver a habitual comemoração na Assembleia da República mas ao sentido que cada um de nós lhe dá. E vamos pensar como é que temos comemorado o 25 de Abril nos últimos anos….
Nestes dias tão complicados não se nota um voltar aos ideais de Abril mas sim um afastamento desta data tão importante para o nosso Portugal. Não tenho dúvidas que hoje, apesar de tudo, estamos melhor que a 24 de Abril de 1974, apesar de estarmos muito longe dos sonhos daqueles homens que fizeram Abril.
Muita coisa há a mudar, na economia, na educação, na saúde, no estado social… Mas a maior mudança, aquela que Abril não conseguiu concretizar, tem a ver com cada um de nós, tem a ver com a cidadania, com a nossa capacidade de desenvolver um país justo, equitativo, livre. Esta atitude de comprometimento de todos com todos não se decreta, não vem em nenhum PEC, nem no resgate do FMI. Somos nós, cada um sozinho e em grupo, que tem de definir o seu caminho e ter um sonho, um sonho onde se concretiza o país de Abril. Depois, vamos meter mãos à obra.

Adelina Paula Mendes Pinto, Professora

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