Recordamos hoje, o genocídio da população masculina muçulmana de Srebrenica, ocorrida entre
os dias 12 e 25 de julho de 1995.
No seguimento da guerra que estalou entre as nações da
antiga Jugoslávia , até 8 mil homens e jovens muçulmanos foram sistematicamente
exterminados em Srebrenica, então sob a fraca proteção de soldados holandeses
das forças de paz da ONU, no que foi descrito pelo tribunal de crimes de guerra
da ONU como "o triunfo do mal".
Em 1995, a cidade de Srebrenica havia sido designada pela
ONU como "área segura". Posteriormente ao massacre, um juiz do TPI de Haia descreveu o que ocorreu na cidade como "verdadeiras cenas do
inferno escritas nas páginas mais macabras da história humana".
Milhares de civis - na maioria muçulmanos bósnios - tinham
buscado refúgio em Srebrenica para escapar de outras ofensivas sérvias no
nordeste da Bósnia, sob proteção de apenas 100 mal equipados
holandeses das forças de paz da ONU.
As forças sérvias bombardearam Srebrenica de 6 a 11 de
julho, antes de entrarem na cidade acompanhadas de equipes de filmagem. No dia
seguinte, mulheres e crianças foram separadas dos homens e colocadas em autocarros,conforme
as gravações efectuadas pela televisão Sérvia. Os homens e jovens e até algumas
crianças foram separados "para interrogatório por suspeitas de crimes de
guerra". Com pedidos de reforços negados, os holandeses das forças de paz
foram forçados a testemunhar a execução dos civis enquanto as tropas sérvias
agiam com o objetivo de "limpeza étnica". Nos dias anteriores ao
ataque, 30 mil muçulmanos que fugiam do avanço do Exército sérvio lotaram a
cidade. Depois do massacre, não havia restado nenhum muçulmano.
Um grande número escapou, mas os que ficaram enfrentaram o
pior. Milhares de homens e , jovens e crianças com idades de 10 a 77 anos foram
cercados e assassinados. Aqueles que se tentaram esconder, de acordo com as evidências
apresentadas no julgamento do general sérvio Radislav Krstic em Haia em 2000,
"caçados como cães e massacrados. O ex-comandante servo-bósnio Ratko Mladic é
acusado de genocídio, e Srebrenica considerada a maior atrocidade cometida na Europa desde
a Segunda Guerra Mundial. "Presenteamos
a Srebrenica sérvia ao povo sérvio. Chegou o momento de vingar os 'turcos'
(nome depreciativo para os muçulmanos bósnios)", disse Mladic em
Srebrenica, em palavras registadas então pelos repórteres de rádio e
televisão.
Mais de 60 camiões com os refugiados saíram de Srebrenica
para locais de execução onde foram vendados, tiveram as mãos atadas e foram
mortos por disparos de armas automáticas. Algumas das execuções foram feitas à
noite sob a luz de refletores. Posteriormente, escavadoras industriais
empurraram os corpos para valas comuns. Alguns foram enterrados vivos, havendo provas
de que as forças sérvias mataram e torturaram os refugiados à vontade. Muitos suicidaram-se
para evitar que seus narizes, lábios e orelhas fossem cortados.
Há também relatos de adultos que foram forçados a matar seus
filhos ou assistir aos soldados porem fim à vida de crianças.
Os principais responsáveis por este massacre, os líderes
político e militar dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic e Ratko Mladic,
estão atualmente a serem julgados por genocídio pelo Tribunal Penal Internacional
para a ex-Jugoslávia em Haia (TPI).