A evolução do processo político
após o 25 de Abril de 1974, rapidamente originou divisões entre as diferentes
personagens, em particular entre a esquerda revolucionária que pretendia um
processo de transformações sociais mais profundas e os sectores mais
conservadores e, entre o movimento de capitães (MFA) e o General António de
Spínola. Nos meses que se seguiram à restauração da democracia, esses sinais de
conflitualidade tornaram-se cada vez mais indisfarçáveis.
28 de Setembro foi a data
acordada para a manifestação da "Maioria Silenciosa" que tinha por alvo o
reforço da posição do Presidente da República António de Spínola e que era
apoiada por franjas da direita portuguesa ( relembramos os casos de partidos como
o Partido do Progresso e o Partido Liberal).
Os cartazes de apelo à
manifestação da maioria silenciosa invadiram Lisboa, mas eram prontamente
destruídos por militantes de esquerda (exemplo da 1ª imagem deste artigo)
Dada a autorização para a
realização da manifestação, o governo fez saber a sua discórdia relativamente
ao seu objectivo e o COPCON (comandado por Otelo Saraiva de Carvalho), preparou
uma operação que incluía a prisão de membros ligados à manobra da maioria
silenciosa. Surgiram apelos das forças de esquerda para que os seus militantes
montassem barricadas nas entradas de Lisboa (o que sucedeu também noutras
partes do país - ver a 2ª imagem deste artigo). O plano da manifestação abortou e o evento acabou por não se
realizar. No entanto, o distanciamento entre o Presidente da República e o MFA
era cada vez mais acentuado, sobretudo depois de Vasco Gonçalves ter sucedido a
Palma Carlos (primeiro ministro). A ruptura parecia inevitável e consumou-se a
30 de Setembro, quando Spínola discursa à nação, denuncia as manobras dos sectores
da esquerda e demitindo-se de seguida.
Costa Gomes ocupou o lugar
deixado vago pela abdicação de Spínola e, fazendo jus à sua personalidade
meticulosa, declara que aqueles que planeiam a longo prazo não têm necessidade
de se preocupar com os apoios mas com a forma de agir.
Estas ocorrências, estão
inscritas na história do PREC (Processo Revolucionário Em Curso) pela esquerda,
como manobras reaccionárias para desvirtuar os objectivos económicos e sociais
do 25 de Abril, originaram uma radicalização desse mesmo processo, uma "viragem
à esquerda" que se iria acentuar em 11 de Março de 1975