sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Maioria Silenciosa... 28 de Setembro de 1974 e o inicio do PREC

             

A evolução do processo político após o 25 de Abril de 1974, rapidamente originou divisões entre as diferentes personagens, em particular entre a esquerda revolucionária que pretendia um processo de transformações sociais mais profundas e os sectores mais conservadores e, entre o movimento de capitães (MFA) e o General António de Spínola. Nos meses que se seguiram à restauração da democracia, esses sinais de conflitualidade tornaram-se cada vez mais indisfarçáveis.
28 de Setembro foi a data acordada para a manifestação da "Maioria Silenciosa" que tinha por alvo o reforço da posição do Presidente da República António de Spínola e que era apoiada por franjas da direita portuguesa ( relembramos os casos de partidos como o Partido do Progresso e o Partido Liberal).
Os cartazes de apelo à manifestação da maioria silenciosa invadiram Lisboa, mas eram prontamente destruídos por militantes de esquerda (exemplo da 1ª imagem deste artigo)
Dada a autorização para a realização da manifestação, o governo fez saber a sua discórdia relativamente ao seu objectivo e o COPCON (comandado por Otelo Saraiva de Carvalho), preparou uma operação que incluía a prisão de membros ligados à manobra da maioria silenciosa. Surgiram apelos das forças de esquerda para que os seus militantes montassem barricadas nas entradas de Lisboa (o que sucedeu também noutras partes do país - ver a 2ª imagem deste artigo). O plano da manifestação abortou e o evento acabou por não se realizar. No entanto, o distanciamento entre o Presidente da República e o MFA era cada vez mais acentuado, sobretudo depois de Vasco Gonçalves ter sucedido a Palma Carlos (primeiro ministro). A ruptura parecia inevitável e consumou-se a 30 de Setembro, quando Spínola discursa à nação, denuncia as manobras dos sectores da esquerda e demitindo-se de seguida.
Costa Gomes ocupou o lugar deixado vago pela abdicação de Spínola e, fazendo jus à sua personalidade meticulosa, declara que aqueles que planeiam a longo prazo não têm necessidade de se preocupar com os apoios mas com a forma de agir.
Estas ocorrências, estão inscritas na história do PREC (Processo Revolucionário Em Curso) pela esquerda, como manobras reaccionárias para desvirtuar os objectivos económicos e sociais do 25 de Abril, originaram uma radicalização desse mesmo processo, uma "viragem à esquerda" que se iria acentuar em 11 de Março de 1975

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