quarta-feira, 15 de abril de 2015

Os ideais de Abril... pela Ana Oliveira

Com base na análise da obra "Naziran - uma mulher sem rosto", de Celia Mercier, recebemos da professora Ana Cristina Pereira (EB 2/3 de Briteiros), o trabalho analítico feito pela Ana Oliveira (8ºC), para a disciplina de Português.

Aos envolvidos, o nosso agradecimento:


" Restrições à liberdade

       Se refletirmos sobre os ideais de abril e considerarmos que os atingimos, talvez estejamos a ser românticos. Aquilo que pensávamos ter alcançado como é o caso da liberdade de expressão, do discurso, do debate, o direito de ser ouvido, a verdadeira democracia… quase tudo tem sido restringido, e de forma dissimulada. Muitas pessoas não se apercebem desta situação.
      Agora que nos aproximamos de uma data que nunca deverá ser esquecida em Portugal, venho apresentar um caso que é extremo em relação à restrição da liberdade do ser humano.     
     Não é novidade a relação desta questão com a literatura. De facto, e apesar de se afigurar um tema algo incómodo, talvez porque a literatura coloca estas questões em angustiantes evidências, ao longo dos tempos este tem sido um tema recorrente, através de várias formas de expressão escrita.
     A reflexão que se segue surge na senda da leitura de um caso verídico que ocorreu num país onde a palavra democracia está longe de ser conhecida, nem sei se algum dia surgirá uma simples abordagem ao significado desta palavra.
     Naziran - uma mulher sem rosto é baseado numa história verídica e dá-nos a entender que algumas realidades que se pensavam ser do passado ainda continuam bem presentes. Naziran Abid nasceu em 1989 numa aldeia do sul do Punjab, no Paquistão. Aos 22 anos, foi uma das vítimas de um dos crimes mais cruéis praticados sobre as mulheres, os ataques com ácido.
     Com esta leitura percebi que nem todos os países têm liberdade e que neles as mulheres são vistas como o elo mais fraco da sociedade e por isso mesmo é que são vítimas de crimes demasiado cruéis.
      Muitas mulheres não têm a oportunidade de fazer escolhas em relação à sua própria vida e também não podem fazer opções para o futuro pois, segundo as leis do Paquistão, as mulheres apenas servem para cuidar dos filhos, da casa, das tarefas domésticas e serem “escravas” dos maridos que muitas vezes as maltratam, ou seja, elas não são livres nem usufruem de nenhum tipo de direitos.
   Ainda assim, algumas destas mulheres conseguem ser fortes o suficiente para os enfrentar e com isto terem uma vida digna, onde são respeitadas e onde possuem direitos e deveres como qualquer cidadão comum. Naziran, a protagonista do meu livro, foi um desses casos que mesmo depois de ter sido queimada pelo marido decidiu apresentar queixa contra ele, dizendo “Quero ser um modelo para as outras mulheres”. E com muita luta e garra conseguiu separar-se do marido fazendo com que este fosse punido e ficou com a guarda das filhas, que anteriormente lhe foram retiradas. Atualmente, esta mulher recebe o apoio da Acid Survivors Foundation (ASF), em Islamabad, com vista à sua recuperação e reintegração social. Esta fundação ajuda física, psicológica e juridicamente as vítimas dos ataques com ácido.
    Caros leitores! De certeza que conhecerão casos semelhantes, no entanto, nunca é demais partilharmos e refletirmos sobre estes assuntos e, principalmente, percebermos se não haverá forma de os irmos diminuindo. Penso que ler e dar a conhecer a nossa opinião, pode ser um princípio. "


                                   Ana Carolina Lopes Oliveira - 8º ano - turma C- Escola E.B. 2,3 de Briteiros

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