Com base na análise da obra "Naziran - uma mulher sem rosto", de Celia Mercier, recebemos da professora Ana Cristina Pereira (EB 2/3 de Briteiros), o trabalho analítico feito pela Ana Oliveira (8ºC), para a disciplina de Português.
Aos envolvidos, o nosso agradecimento:
" Restrições à liberdade
Se refletirmos sobre os ideais de abril e
considerarmos que os atingimos, talvez estejamos a ser românticos. Aquilo que
pensávamos ter alcançado como é o caso da liberdade de expressão, do discurso,
do debate, o direito de ser ouvido, a verdadeira democracia… quase tudo tem
sido restringido, e de forma dissimulada. Muitas pessoas não se apercebem desta
situação.
Agora que nos aproximamos
de uma data que nunca deverá ser esquecida em Portugal, venho apresentar um
caso que é extremo em relação à restrição da liberdade do ser humano.
Não é novidade a relação
desta questão com a literatura. De facto, e apesar de se afigurar um tema algo
incómodo, talvez porque a literatura coloca estas questões em angustiantes evidências,
ao longo dos tempos este tem sido um tema recorrente, através de várias formas
de expressão escrita.
A reflexão que se segue surge na senda da
leitura de um caso verídico que ocorreu num país onde a palavra democracia está
longe de ser conhecida, nem sei se algum dia surgirá uma simples abordagem ao
significado desta palavra.
Naziran - uma mulher sem rosto é baseado numa história verídica e
dá-nos a entender que algumas realidades que se pensavam ser do passado ainda
continuam bem presentes. Naziran Abid
nasceu em 1989 numa aldeia do sul do Punjab, no Paquistão. Aos 22 anos, foi uma
das vítimas de um dos crimes mais cruéis praticados sobre as mulheres, os
ataques com ácido.
Com esta leitura percebi
que nem todos os países têm liberdade e que neles as mulheres são vistas como o
elo mais fraco da sociedade e por isso mesmo é que são vítimas de crimes
demasiado cruéis.
Muitas mulheres não têm a
oportunidade de fazer escolhas em relação à sua própria vida e também não podem
fazer opções para o futuro pois, segundo as leis do Paquistão,
as mulheres apenas servem para cuidar dos filhos, da casa, das tarefas
domésticas e serem “escravas” dos maridos que muitas vezes as maltratam, ou seja,
elas não são livres nem usufruem de nenhum tipo de direitos.
Ainda assim, algumas destas mulheres conseguem ser fortes o suficiente
para os enfrentar e com isto terem uma vida digna, onde são respeitadas e onde
possuem direitos e deveres como qualquer cidadão comum. Naziran, a protagonista do meu livro, foi um desses casos que mesmo
depois de ter sido queimada pelo marido decidiu apresentar queixa contra ele,
dizendo “Quero ser um modelo para as outras mulheres”. E com muita luta e garra
conseguiu separar-se do marido fazendo com que este fosse punido e ficou com a
guarda das filhas, que anteriormente lhe foram retiradas. Atualmente, esta
mulher recebe o apoio da Acid Survivors
Foundation (ASF), em Islamabad, com vista à sua recuperação e reintegração
social. Esta fundação ajuda física, psicológica e juridicamente as vítimas dos
ataques com ácido.
Caros leitores! De certeza que conhecerão
casos semelhantes, no entanto, nunca é demais partilharmos e refletirmos sobre
estes assuntos e, principalmente, percebermos se não haverá forma de os irmos
diminuindo. Penso que ler e dar a conhecer a nossa opinião, pode ser um
princípio. "
Ana Carolina Lopes Oliveira - 8º ano -
turma C- Escola E.B. 2,3 de Briteiros
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