sexta-feira, 25 de novembro de 2011

36 anos depois... 25 de Novembro de 1975!


36 anos após o 25 de Novembro de 1975 ( segundo uns o golpe que põe fim à Revolução Popular, segundo outros o golpe que restitui a Portugal o espírito de Abril), deixamos aqui um dos episódios mais marcantes. A partir dos autos do tribunal que procedeu a averiguações sobre os implicados do 25 de Novembro, foi possível reconstituir a intervenção do capitão Duran Clemente, entre as 20.30 e as 20.49 , na RTP. Esta intervenção foi bruscamente interrompida, sendo transferida a emissão para os estúdios da RTP no Porto ( monte da Virgem), com a emissão de um filme de Danny Kaye


“Infelizmente a RTP não está a ser ouvida em todo o país. Isto acontece porque o emissor da Lousã já está a servir os estúdios do Porto…. Relativamente à antena de Monsanto ( Lisboa ) tivemos noticias de que haveria movimentações dos Comandos ( de Jaime Neves ) para, no local, ela ser desligada e na sequência ser interrompida a emissão destes estúdios.

Aqui (nos estúdios da RTP/Lumiar) a situação é calma e as forças militares estão perfeitamente dispostas a defender aquilo que é de todos nós, sobretudo do povo trabalhador!

Contrariamente a determinadas insinuações e calúnias, é evidente que não pretendemos a desordem, não pretendemos a falta de autoridade, não pretendemos a indisciplina…nada disso!

Pretender uma sociedade socialista não é querer a sociedade da “tanga” ou uma sociedade de austeridade inconfortável ou da anti-cultura ou de tudo quanto se difunde pejorativamente…
… Nós queremos, de facto, a ordem democrática, a disciplina consentida, uma disciplina revolucionária...Queremos também que não haja mais ambiguidades neste processo. Que se clarifique, de uma vez para sempre, o MFA ( um MFA que tem sido ambíguo ), um MFA cheio de contradições… através das quais se tem afastado cada vez mais das metas a que se propôs…O que nós vemos é que ainda há estruturas… ainda há organismos onde existem reaccionários muitas vezes até sem querer sê-lo, sem consciência disso, mas que objectivamente o são. Pessoas que por estarem em determinado lugar através da sua acção: através dos papeis, através das burocracias boicotam muitas vezes até o que já foi decretado…No 25 de Abril o MFA tinha oficiais que sabiam o que era o Socialismo ou a Democracia, mas tinha, muitos que não sabiam o que isso significaria….
Para bem do povo português, para que efectivamente o processo revolucionário prossiga, há necessidade que as coisas se clarifiquem e que aqueles ( sobretudo os oficiais ) que não são capazes, se atingiram o tal limite ( essa competência )… têm que se afastar dele…

E não podemos permitir que seja nos gabinetes, que seja pela via administrativa………”

( … um técnico da RTP: começa a fazer sinais do lado das câmaras… )

“Estão-me a fazer sinais, eu não sei se posso continuar… (… dirigindo-se ao locutor, ao “pivot” António dos Santos…) … não posso continuar a falar por razões técnicas é isso!?! Não posso?!? Não posso continuar a falar por razões técnicas? Então continuo daqui a pouco, não poderá ser?! Estava aqui a ser … a minha intervenção estava a ser perturbada pelos sinais dos técnicos… acho que devemos explicar às pessoas com naturalidade… não é verdade?”

(… locutor/pivot, António Santos: - Perturbar no sentido de elucidação!... )

“Tecnicamente eu não posso continuar a falar. Continuaria porque gostava de desenvolver este tema. Até para explicar melhor qual é a nossa posição e o que nos trouxe aqui. Está certo?”

(…António Santos: - Não sei, não sei, realmente qual é o pormenor que neste momento pode limitar ou não…)

[A emissão é transferida para os estúdios do Porto através da actuação técnica a partir da antena de Monsanto ( Lisboa ) já sob o controlo dos Comandos, após ter sido capturado o colaborador da RTP que possuía a “chave técnica” para a operação.]

Para saberes mais sobre o 25 de Novembro, hoje no Canal de História pelas 20.00 horas; analisa também o nosso video/documentário - "Um Olhar sobre Portugal - 37 anos de Democracia"-, na barra " Novidades"

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